É interessante como até hoje os posts da professora toda enfiada dançarina estão vivos aqui no Perdido. nunca achei que uma bunda ia render tanta coisa por tanto tempo

Bom galera, to vivo, ainda em Salvador, ainda o melhor amigo do google maps, e depois de tomar um chá de vergonha na cara decidi que era hora de dar continuidade a essa joça ao Perdido.

Vamo nessa… miseeeeeeraaaa!


Ontem eu publiquei aqui uma matéria sobre a professora que foi demitida porque estourou no Youtube um vídeo em que ela dançava a música “Todo Enfiado”.
No vídeo o cantor da banda O troco, Mario Brasil, levanta o vestido dela e estica a calcinha da professora até ficar totalmente enfiada em suas partes íntimas.
A moça das imagens é uma professora de matemática para crianças de 5 a 7 anos de idade que lecionava no Instituto Social Objetivo (ISO), no bairro de Brotas, em Salvador na Bahia.
O “sucesso” de vídeo chamou a atenção da diretoria do colégio que acabou demitindo a pró.
“Não tiro a razão da escola porque trabalho com educação infantil. Todo ser humano erra e estou arrependida. Não estava nas minhas condições normais. Consumia álcool”, confessou a educadora, de 28 anos de idade que é mãe de uma filha de 7, e que mudou forçadamente do próprio bairro por causa dos comentários.
“Aquilo foi só uma brincadeira, não faz sentido ela ter prejuízo por isso.” Comenta um dos integrantes da banda revoltado com a demissão da professora dançarina.

Agora… a putaria o video completo, enviado pelo Kuelho:

Vamos ver se a banda vai ter a honra de contratar a moça.

Caso o youtube tire do ar, use este!

Esse post é um oferecimento do Blog do Kuelho.


Uma professora baiana, apreciadora de axé pagode, foi demitida porque estava no ensaio da banda “O Troco” e aparece fazendo uma coreografia erótica da música “Todo Enfiado”. A história toda aconteceu na casa de shows Malagueta Hall, foi demitida do colégio em que trabalhava. Motivo: O vídeo foi parar no Youtube, a cidade toda começou a comentar, levando a diretora e os outros professores da escola a assistirem as peripécias da educadora. Não deu outra, mandaram a coitada pro olho da rua pra tristeza da maioria dos alunos. “Ela era muito descontraída e ensinava bem.” comenta um dos alunos.

Agora… o video:

Copiei do Blog do Kuelho

TranSalvador

14 agosto, 2009


Vocês lembram da SET? Aquele orgão inútil de Salvador que deveria controlar o transito, Agora (agora não, a uns meses) ela virou TranSalvador, mas a putaria continua a mesma, um dia qualquer da semana passada, estava eu indo trabalhar, passo por um cruzamento um pouco movimentado que sempre tem um barbeiro que para em cima da faixa de pedestres ou simplesmente fura o sinal vermelho na cara dura.

No outro lado da pista, estava um guarda da TranSalvador (inclusive ele fica lá quase todos os dias, ou tomando café e olhando as bundas que passam, ou conversando sobre as bundas que passam e o Baêa…), e mais uma vez um barbeiro atravessou a faixa com o sinal vermelho, ja no meio do povo, e mais uma vez a lesma o guarda não viu nada, ja irritada com tudo isso, uma mulher foi até o guarda e disse:
– “Venha cá mô fí, você num viu a disgraça du carru passano na sinalera vermelha não é? Ele quase atropela todo mundu!”
E o guarda, tomando seu café olhando pro outro lado do mundo:
– “Não vi nada disso não.”
Agora realmente indignada a mulher começa a andar e diz:
– “Por acaso você é pagu pra ficá ai o dia todu tomano café é? Se enxergue e preste atenção no seu trabalho viu? Invez de ficar ai o dia todu olhano po nada!”

O guarda continuou com a cara de quem não ta nem ai e dá mais um gole no café.

Detalhe: Nunca mais ví o guarda.


Salve queridos e assiduos leitores!

Refletindo sobre as dúvidas e curiosidades de alguns de vocês, cheguei a uma conclusão (que bom né, imagina refletir pra não pensar em nada…), o Perdido (yo) vai enviar para você, um Dicionário de Baianês, de Nivaldo Lariú, que mapeou as principais girias da Bahia e juntou a porra toda tudo em um livreto que realmente não cabe no bolso de bolso.

dicionariobaianes

Para participar é extremamente fácil! Basta responder a pergunta: “Porque você quer vir em Salvador?” E não ser morador da  Bahia.*¹

A resposta mais criativa leva o livreto um autógrafo do Perdido e uma fitinha do Senhor do Bomfim.

As respostas devem ser enviadas para o e-mail: blogperdidoemsalvador@gmail.com até o dia 13 de abril, as 3 melhores serão botadas em votação aqui no Perdido por 5 dias.

Boa sorte!

*¹ Promoção não válida para moradores do estado da Bahia, pois ter um dicionário da própria terra é falta de vida social, vá pra rua! Saia de casa! Viva e interaja com as pessoas.


Comentário enviado pelo nosso amigo Gaúcho:

“E aí tchê blz,
Saber d td… Algo tipo questões de sobrevivência na selva msm hehe Na boa, sou um futuro “perdidaço” em SSA e esse choque de culturas q vc está enfrentando eh o q terei pela frente e com o agravante de ñ ter família ou amigos por aí. Então velho, pode parecer simples para vc contar as coisas cotidianas suas mas eh um aprendizado mto valioso p/ mim.
Tô lendo d td, melhores bairros p/ c morar, dicionário de baianês, mulherada, diversão, furadas…
Abraços”

Perdido comenta:

<Modo salvador on> Kolé miséra! Cê tar achanu qui morá nin Salvadô é faciu meu brodi? Todas essa pirigueti, ficá comenu água nas praia, pagá 2 e fração na Brama flesh, i po regue todo dia de sábado, e ainda passá 2 hora de relógio pá se atendidu numa barraca de praia é faciu? é barriu meu brodi! marriu memo!</modo salvador off>

Brincadeiras a parte (tem muito brau muita gente em Salvador que fala assim mesmo), Salvador é uma cidade de altos e baixos, e realmente exige muito peito morar aqui sem conhecer nada, além da paciencia, pra aturar engarrafamento e esquecimento do poder público.
Mas quem te disse que eu não fiquei sem família aqui? “Mainha” voltou pra Brasília meu amigo, inclusive foi ai que o Perdido em Salvador realmente começou.
Mas é isso ai meu amigo, mesmo com tantas dificuldades e alguns problemas, estou aprendendo a amar essa terra, terra de todos os santos, cheia de evangélico, quase 400 igrejas e até hoje eu não vi um terreiro de macumba.

Bom esse foi pra comentar, a resposta vem com o tempo, ok bruxo?


Esta eu em casa ontem… olhando a vida pela janela do terceiro andar as 11hs da noite, quando um cara que estava parado conversando na portaria do predio vê uma morena maravilhosa do outro lado da rua, ao lado de um carro acenando para ele, dai ele olha para todos os lados, abre um sorrizo enorme, estufa o peito, e diz: “O que? Eu?! Você tem certeza?”, e ela balança a cabeça dizendo sim e sorri com graça, ele sai para atravessar a pista e como quem se sente em uma cena de filme, anda todo cerelepe em direção a moça, chega nela, e diz: “Diga minha linda”, ela: “Pô véi, eu nun to conseguino abri essa porra dessa porta, abre pra mim?”, deu até pra notar o cara murchando que de cabeça baixa abriu a porta do carro e ainda segurou a porta pra ela entrar, ela entra no carro, liga, engata a ré, e sai sem dizer tchau (se fú).

Moral da história: Quando uma mulher maravilhosa te chamar na rua, é porque você tem cara de mecanico ou de manobrista, uma fantasia continuará sendo uma fantasia.


Colé, meu bródi! Olá, amigo.
Colé, misera! Olá, amigo.
Tô em água!
Estou bêbado.
Colé, men! Olá, amigo.
Diga aê, disgraça! Olá, amigo.
Digái, negão! Olá, amigo. (independente da cor do amigo)
E aí, viado! Olá, amigo. (independente da opção sexual do amigo)
E aê, meu rei!? Olá amigo.
Ô, véi! Olá amigo.
Diga, mô pai! Oi para você também, amigo!
ÊA! Olá, amigo.
Colé de mêrmo? Como vai você?
É niuma, miserê Sem problemas, amigo.
Relaxe mô fiu Sem problemas, amigo.
Cê tá ligado qui cê é minha corrente, né vei? Você sabe que é meu bom amigo, não é?
Bó pu regui, negão? Vamos para a festa, amigo?
Aí cê me quebra, né bacana Aí você me prejudica, não é meu amigo?
Aooonde! Não mesmo!
Vô quexá aquela pirigueti Vou paquerar aquela garota.
Vô cumê água Vou beber (álcool).
Colé de mermo? O que é que você quer mesmo? (Caso notável de compactação!)
Eu tô ligado que cê tá ligado na de colé de merma Estou ciente do seu conhecimento a respeito do assunto.
O brother tirou uma onda da porra. O cara se achou.
Tá me tirando de otário é? Está me fazendo de bobo?
Tá me comediando é? Está me fazendo de bobo?
Se plante! Fique na sua.
Se bote ae, vá! Chamada ao combate físico
Eu me saí logo Eu evitei a situação.
Shhh… Ai, mainhaaa Até hoje não se sabe a tradução. Sabe-se apenas que nas músicas de pagode, o vocalista está excitado com sua respectiva amante.
Oxe! Todo baiano usa essa expressão para tudo, mas um forasteiro nunca acerta quando usa.
Lá ele! ou Lá nele Eu não, sai fora, ou qualquer outra situação da qual a pessoa queira se livrar ou passar para outro.
Lasquei em banda! meteu sem dó nem pena.
Biriba nela mô pai Manda ver! (no sentido sexual da coisa)
Ó paí ó Olhe para aí, olhe!
Essa expressão foi utilizada pela primeira vez pelo capitão português Manoel da Padaria a frente da Nau Bolseta, que por infortúnio (leia-se burrice) perdeu-se da frota portuguesa no caminho para as índias e veio parar na Bahia. Desde então foi resgatada pelo povo baiano, assíduo leitor de Camões, já que trata-se de um texto apócrifo dOs Lusíadas, que nem os portugueses sabiam (Nenhum jamais concluiu a leitura do clássico). É muito usada por aqui, tanto que virou filme, peça teatral, música, marca de refrigerante, água de coco, barzinho, cerveja, igreja….
Num tô comeno reggae! Não estar acreditando ou dando muita importância.
Num tô comeno reggae de (fulano)! Não estar com medo de provocação/ameaça de (fulano)
Tome na seqüência misêre Tomar o troco de algo ruim que vc fez
Eu quero prova e R$ 1,00 de Big-Big! Não acreditar. O Big-Big é um chiclete muito valorizado por pessoas de todas as classes.
Sai do chão! Frase típica e predileta das bandas de axé. O intuito da mesma é de que indivíduo se agite e curta o som tocado em questão.
Rumaláporra! Agir violentamente contra alguém ou algo.
Picá a porra! Agir violentamente contra alguém ou algo.
Rumaládisgraça Agir violentamente contra alguém ou algo.
ei, ó o auê aí ô tida como unica frase universal a utilizar apenas vogais e ter sentido completo, significa parem de baderna.
Bó batê o baba Chamar os amigos para uma partida de futebol
Bó pro reggae Chamar os amigos para a balada
Salvador é também conhecida por ser uma cidade cujo dialeto deu um LAR aos mais diversos impropérios do cancioneiro popular local
Possivelmente você um dia já foi convidado a visitar A casa da porra, a casa do caralho, a casa da desgraça!
Aqui também existe a Casa de Noca que ninguém sabe onde fica, mas sabe-se que lá sempre o couro come.

[abreaspas] Perdido diz: Putz! Nunca demorou tanto pra se fazer um post! hehehe. Eu ainda fiquei na duvida de postar em duas partes, mas deixamos como está, demorou, mas saiu um livroooooo; detalhe de que o tachado é o post.”[fechaaspas]

Então, resolvi aceitar esse desafio de colaborar aqui no Perdido fazendo um post sobre Salvador e o que eu (pouco) sei sobre Brasília.

Na verdade não me faltam assuntos sobre Salvador… e taí o problema, não me faltam, sobram! Mas como sei que muitos deles estarão digitados aqui em breve… vou adiantar o reggae*, meu lado e o texto.

Sendo assim a primeira observação que faço é sobre a simpatia dos soteropolitanos. É bonito ver como aqui as pessoas são e podem ser mais alegres, mais leves com a vida. Tudo bem que o cenário ajuda bastante, mas é como se todos soubessem que engrandecer os problemas não ajuda muito e só ocupa a mente e o fim-de-semana.

Pois é, simpatia, solidariedade… dá até gosto pedir informação na rua, acho que é o único lugar no mundo (fora as cidades pequenas que não têm tanta coisa interessante pra se fazer…), que uma pessoa é capaz de desviar do próprio rumo pra ajudar outra a encontrar seu objetivo.

Isso se deve também a um relativo nível de (futricagem) curiosidade. São essas mesmas pessoas que em uma hora de conversa se tornam seus melhores amigos, no dia seguinte estão dormindo na sua casa, na semana que vem pedindo dinheiro, roupa, mulher, marido, cachorro ou a po**a toda (como dizemos carinhosamente por aqui) emprestados. E nem é por mal, é por bem mesmo ou simplesmente pelo fato do baiano ser um ser sociável (em sua maioria).

Característica que me remete instantaneamente à malandragem baiana… no modo de se portar, de paquerar (uma dica para as mulheres, se estiver no reggae** e sorrir um pouco mais efusivamente para um cara, mesmo que não seja com segundas intenções, fud*u, pode apostar que em 5 segundos tem um maluco te dizendo mil e uma frases “criativas” ao pé do ouvido, tipo: “Seu burro tá na sombra?”), de levar a vida, de trabalhar… Tal como nossos dialetos: “é barril, véi”, “queimação, papá”, “se chegue não, vú”, “tô de cara!”, “bala!” e o tão famigerado “massa” (usado pra tudo!), “E o acarajé? Massa!”,  “Gostou do show? Massa!”, “Vamos passear? Massa!”, “Perdi tudo, velho… Massa!.

Resumindo, Salvador é terra de alegria, do carnaval também (e nem precisa de comparações com Recife e demais cidades, são energias e perspectivas totalmente diferentes, só vivenciando pra ter noção), da diversidade musical (que vai além do Axé, já que nós estamos cada dia mais abertos – lá ele*** – a novos segmentos musicais, seja o dub com percussão, ao rock com ragga, ao reggae com riff’s engajados, sem esquecer da nossa cultura regional), da variedade artística (são mais de 30 teatros na cidade, com artistas e peças de muita qualidade, algumas poucas salas de arte, alguns cinemas principais, um circo de tradição e outros de passagem…), dos dias insuportavelmente quentes, da pouca valorização dos profissionais em geral, das noites que acabam cedo, dos engarrafamentos gigantes em dias chuvosos, das festas de camisas coloridas e por aí vai.

Mas mudando de SSA para BSB, que há alguns anos atrás pra mim era somente a sigla de BackStreetBoys e nada mais que isso (0_0)… o que primeiro vem na minha cabeça é: POLÍTICA (assim em caixa alta mesmo). E aí segue… planalto central, diretas já, ditadura, Lula, poeira, Niemeyer, asfalto liso, cidade plana, rock, Renato Russo (que é carioca!), organização, concurso público, dinheiro… e só. Admito que meu conhecimento sobre o Distrito é quase zero e talvez por isso tenha vontade de conhecer a cidade… pelo menos lugar pra ficar já sei que tenho né, hehehe.

Por Larissa Oliveira. 

Legenda:
*Reggae: processo, situação
**Reggae: rock, night, balada
***Lá ele: Lá nele, em mim não.

Comodismo e esquecimento.

18 agosto, 2008


Primeiramente peço desculpas por ter descuidado “disso” aqui… mas… correria é isso ai… triste de quem acha que aqui tudo é pro ano que vem, porque na realidade é pra ontem semana que vem.

Já falei aqui antes que baiano não é moroso como se é dito em todo o país, mas é claro que tem alguns pontos de comodismo preguiça algumas vezes. Como esperar 1 dia inteiro pra receber um orçamento de um serviço simples, ou então o fechamento da maioria do comércio (isso mesmo, de padarias, mercadinhos e até farmácias) na hora do almoço ou em feriados, não só para se alimentar, mas pra tirar o bom e velho cochilo (que não é em rede) de uma hora e meia.

A algum tempo joguei esse assunto em uma roda de discussão, tentando comparar principalmente a parte de serviços e atendimento (diga-se de passagem, péssimo na maioria das vezes) entre Salvador e outras grandes metrópoles como São Paulo ou até Brasília que nem é tão grande assim. E a reação bairrista foi logo esboçada pelos meus colegas Sotéropolitanos, defenderam sua cultura com o seguinte mandamento: “Se é pra amanhã, eu vou fazer outra coisa hoje.” Mas no quesito atendimento nada disseram e sim alguns concordaram que muitas vezes deixa a desejar.

Ainda assim, existe um problema social por trás disso tudo, as pessoas em Salvador reclamam da falta de oportunidade de emprego, e eu estranhando isso ja que Salvador abriga muitas empresas e indústrias, me deparei com o maior problema dessa cidade, a educação em si, vi algumas pesquisas e assustado descobri que existem sim várias vagas de emprego, só que elas simplesmente não são preenchidas, não só por falta de especialização, mas principalmente por falta de conhecimento em português básico e tratamento de pessoas, não só em concursos (que não são tão frequentes como em Brasília) mas principalmente em empresas de médio porte, forçando assim as microempresas a contratarem quem “sobra” no mercado mesmo sem um português ideal para um médio atendimento ou convívio com clientes, sendo assim, normal estar ao telefone com uma orçamentista que no final da ligação vai soltar: “Então tá, beijão negão!”, sendo aquela a primeira vez que você entra em contato, e ainda receber um e-mail formal com mais erros de português do que a redação de férias de um menino da primeira série.

Só aqui fui enxergar de uma vez que o português (matéria escolar), mesmo com suas “frescuras”, é o mais importante estudo em seu todo, sorte a minha vir de um estado que tem uma ótima educação e que não foi largado pelo gorverno nesse quesito.

Hospitalidade tem preço.

11 agosto, 2008


Quem disse que a hospitalidade dos baianos é degraça?
Acostumado com os preços de Brasília, ao sentar em uma barraca de praia em Salvador, pedir uma cerveja e pagar somente R$1,80 por ela “não tem preço”, é quando você pensa: “essa vista maravilhosa e a cerveja a metade do preço dos botecos de Brasília vai me deixar bêbado, eu quero ficar bêbado”, mas isso só aconteceu comigo pois não fui eu quem pedi a cerveja, e sim meu padrasto, um nativo com sotaque e cara de Sotéropolitano, logo não aguentei e comentei com ele o valor tão “simbolico” pago pela cerveja, e ele disse nun tom de sarcasmo: “amanhã vamo pa outra praia e cê pede a cerveja, eu quero é prova de que vai ser esse preço” . Dito e feito.

No dia seguinte, fomos a outra praia, não muito longe da que fomos na tarde anterior, chegamos, e eu abri a boca:

– Boa tarde! Tem Skin?
(ela assinala com a cabeça)
– Quanto custa?
– R$3,50.
– Pô! Na praia ali do lado é R$1,80!
– Oxi! To sabenu disso não senhô, na minha barraca sempre foi esse preço e nunca ouvi recramação.
(meu padrasto interrompe.)
– Colé mãe! Ta me achando com cara de turista é? Ó paí! Ta querênu me robá é? Se fizé até R$2,00 eu pago, se não agente levanta.

Ela vira as costas e vai buscar a cerveja. Incrível! Se eu estivesse sozinho ia pagar o preço de uma Bohemia em Brasília, só pelo meu sotaque de turista e minha cara perdido.

Depois disso fui testanto em outros lugares, a cocada que custa de R$0,50 a R$1,00, pra mim era oferecida a R$2,00, o acarajé de R$2,00 pra mim era R$5,00, até a Coca-cola ficou absurdamente cara pelo meu sotaque.

Agora pagar barato tem outro preço, depois da primeira, a segunda vai demorar anos pra chegar, a ponto de você ter de levantar e ir buscar, ou então reze pra não haver nenhum turista na mesma barraca que você, o atendimento dele é preferencial, o seu não faz a minima diferença pra eles.

E lá estava eu, roubado perdido em Salvador…

Tratamento.

4 agosto, 2008


Imagine-se andando na rua, uma pessoa que você conheceu na festa da semana passada te para e GRITA: “Diga aê, disgraça! Colé de mêrmo?” Ai você assustado com o tratamento maravilhoso e com a mente em pane tentando entender que porra é “colé de mêrmo”, responde com uma pergunta: “Beleza?”, dai sem te responder ele continua gritando: “E ai? Bó pu regui comê água negão?”, você ja arrependido de ter saido de casa e encontrado esse Brau na rua, vira e responde: “Cara, eu não curto reegae não”, ai ele continua berrando: “Ó paí! Tá me comediando é? Cê tava nu regui semana passada agora vem mi dizê que nun curti?! Se Plante vá!, já que cê ta me tirano de otario eu vô ali quexá uma pirigueti”. E enfim você da graças a Deus do ônibus ter chego, sobe correndo e anota tudo no celular pra quando chegar em casa, perguntar para alguem o que esse Mala tava querendo dizer, e só depois, você se da conta que o mal educado da história foi você, e não ele que só tava te convidando pra uma balada como se você ja fosse intimo.

Coisas da Bahia, mãe das girias…

Contrastes.

11 julho, 2008


Como disse antes, vida de turista é comparada ao paraíso totalmente diferente habitante.

Quando se vem à Salvador como turista, você só vai aos melhores lugares mesmo que não pareça, faz todos os tours quase que obrigatórios e só enxerga beleza, arte e história por todos os lados, mas quando se decide mudar pra cá, você se assusta descobre o outro lado da moeda.

Que mais uma verdade seja dita, Salvador é uma das cidades mais lindas do país, com tanto que você não olhe para cima, não suba ladeiras e nem menos se aventure no Pelourinho.

Estava-mos de carro em um sábado, procurando um endereço no famoso bairro de Itapuã, que diga-se de passagem não tem nada demais, alias, tem casa feia demais, violência demais, buracos, botecos a não ser que você esteja acima do 4 andar em algum hotel, ai sim você vai perceber porque Vinicius amava esse bairro (a vista do mar de Itapuã contrasta totalmente com o resto, então se não for apreciada de cima, sozinha, nem se percebe que aquele é um dos cartões postais mais belos que você pode ver na vida), de ruas em ruas, entramos em uma que nos fez esquecer que estavamos até no Brasil de tão diferente que era, com estilo europeu, natureza equilibrada com cidade, muros e concreto (breve posto a foto aqui), imediatamente reduzimos para 0,5km por hora, porque ficamos em choque com tamanha beleza para contemplar tudo aquilo, pela primeira vez na minha vida senti extrema vontade de morar em algum lugar acima de qualquer coisa, mas tudo tem fim, inclusive a rua, então ainda estupefatos entramos na próxima rua, bem vindo a favela da Rocinha! Essa é placa que faltou lá, o contraste foi imenso, dando até vontade de dar ré e voltar para imediatamente a rua “perfeita” , das casas arborizadas a falta de reboco da outra rua, dos quintais que remetem a mais perfeita calma as casas erguidas ocupando o maior espaço possível, só o reboco, lajes tortas de 3 andares, para o máximo de pessoas possíveis, a rua pobre atrás da rua rica, nobreza e plebe lado a lado, da calma e cheiro suave a poluição sonora, visual e esgoto a céu aberto, sem contar as placas ou seria mais apropriado “as pRaca”? em portões enferrujados, com um português meio árabe de tantos erros, como “temo chis tudu” ou “Jesus te amaR”, e isso é só um exemplo rápido do que se sofre com a dor nos olhos que isso causa vê por aqui (essa parte também vou postar em breve com fotos), e em meio a tudo isso, duas coisas me chamaram atenção, uma faixa de 3 metros em letras vermelhas: “LAVA LENTO” , e mais a frente, no unico espaço verde da rua feia, uma placa escrita “não joGe lixo seu” e um porco desenhado no final; é, nem em meio a tantas dificuldades, esse povo não perde o humor.

Salvador morre nas ladeiras, ao subir uma você pode além de ser assaltado, entrar na boca mais perigosa se perder, se chocar com o contraste, sem aviso prévio, hora você baba com a arquitetura histórica ou os novos prédios, hora você tapa os olhos para não ver a falta de cuidado que tiveram com a cidade ou a falta de senso visual da população. É o mais completo contraste, Por todos os lados, em todos os bairros.


(Parte 1aqui.)

Como foi bom ser turista! Era só isso que eu pensava naquele ônibus.

Além do choque cultural, comecei a realmente sofrer naquele coletivo, já se passavam 1:30h de viajem, em meio a uma chuva repentina, engarrafamento, buzinas, buzinas e mais buzinas, o pior é que eu não fazia idéia de quão longe eu estava do destino, a não ser pelas placas de sinalização com a quilometragem escrita, mas logo vi que não me adiantava de nada elas estarem lá, porque o ônibus começou a dar voltas e mais voltas, eu passava por uma placa que sinalizava 17km de até o Centro Histórico, e meia hora depois passava por outra que apontava 15km (eu deveria ter ido de bicicleta), isso quando não via a mesma placa de 10 em 10 minutos, e lá estava eu, preso no ônibus, sem crédito para avisar do meu atraso, e com receio em descer para ligar e simplesmente esperar horas para pegar outro ônibus, sem contar a maldita esperança (que infelizmente é a ultima que morre) de chegar logo ao destino, então só me restava esperar.

No meio de todo esse caminho, já havia entrado 11 (onze) ambulantes, vendendo quase todo tipo de coisa e não só doces e afins, foi ai que comecei a notar o quanto o povo baiano é trabalhador, que essa lenda de preguiçoso não passava de mito, além do dialeto que em momento algum foi lento salvo a galera do fuminho e nem menos ouvi um “Oh meu Rei” se quer, vi também em meio a chuva, homens carregando botijões de gás em bicicletas e em carros de mão, ralando para conseguir o sustendo de sua familia, sem se importar com aquela chuva e com uma cara de quem estava feliz em fazer aquilo, sempre alegres, o mundo ta acabando, mas o povo baiano sempre será alegre.

Nessa hora chega bateu aquele arrependimento por ter prejulgado esse povo, devido a criação que tive, de que baiano é sempre lerdo e preguiçoso, sempre sinônimo de falta de interesse pela vida, falta de ação ou reação, quando que em Brasília você vai ver alguém trabalhando na chuva? E com um sorriso??? Simplesmente nunca! Além de ser extremamente raro de ver alguém trabalhando no chuva, se houver, com certeza esse terá cara de psicopata, e não estará nem um pouco perto da felicidade.

Agora verdade seja dita, o que o povo baiano tem de ativo, tem de festeiro, mas essa é outra história que conto depois.

Ah! E sobre o meu encontro, dei um bolo acidental na pessoa, demorei 3:30h (isso mesmo! três horas e meia!) para chegar no Centro Histórico, e com certeza ela não estava mais lá, ainda pra amortizar o peso na consciência, a procurei por um tempo, mas não encontrei ninguém, e como toda mulher puta da vida que leva um bolo, ela não me atendeu naquele dia, acho que ela não atendeu ninguém porque troquei de numero umas 4 vezes e nada, quando retornei pra casa, havia um scrap curto e grosso dela: “MUITO OBRIGADO PELA TARDE MARAVILHOSA QUE EU TIVE!”


Após uma semana de correrias em Brasília, para arrumar a casa antes de dar adeus às minhas manias locais, finalmente retornei para Salvador em definitivo, e como uma regra, deixando de ser turista, comecei a sofrer automaticamente os problemas da cidade, de primeira peguei um engarrafamento ao sair do aeroporto por nenhum motivo aparente, e sofri mais ainda por estabelecer a meta de ficar no máximo 3 meses encostado hospedado na casa da minha mãe, eu tinha que aprender com urgência a andar sozinho em Salvador.

Mas pra quem estava acostumado com uma cidade plana, onde as placas de transito não mentem (saibam que em Salvador a 45km de Itapuã tem uma placa sinalizando o caminho junto ao nome de outro bairro que fica a 2km), onde um ônibus para um destino vai pegar a via mais rápida para o mesmo e que o povo simplesmente sente prazer em dar informação errada (é, candangos em sua maioria são mal educados, ja o povo baiano é 100% prestativo, salvo na hora do almoço e na hora de “batê o baba” *¹), não seria nada fácil se virar nessa cidade gigantesca, onde uma ladeira errada te leva a boca mais quente da cidade ao lugar mais distante do mundo, onde você não tem ponto de referencia norte-sul, e principalmente, quando você tem trauma de pedir informações. Mas independente disso, eu teria que dar um jeito.

Aproveitando que a um ano eu conversava com uma mulher de Salvador, achei perfeita a oportunidade de conhece-la pessoalmente e unir ao util de sair sozinho, sem meu guia turístico padrasto e assim começar a me virar e talvez fechar com chave de ouro minha dor de cotovelo que me levou a Salvador.

Marcamos de nos encontrar no Centro Histórico as 14 horas, de carro com o motorista meu padrasto, o trajeto levava 44 minutos sem engarrafamento, como eu ia de ônibus, achei que em 1:30h daria tempo de sobra, então sai de casa com 2 horas de antecedência, na minha cabeça havia tempo para perder 2 ônibus e ainda parar pra tomar uma cerveja, logo ao subir no onibus me deparei com a primeira do dia, estava eu sentado quando me chega um cara, senta, e solta a pérola: “e ai mô pai, beleza?” , Pai?!, pelo menos essa foi rápido pra decifrar, aqui todo mundo é “pai”, “viado” ou “negão”, mesmo se você estiver em um encontro de eunucos albinos heterossexuais e berrar um dos três nomes todos vão olhar procurando algum conhecido, mas no segundo em que minha mente ainda não tinha assimilado aquilo, pela segunda vez me senti velho, ou acabado no caso.

Continua no próximo post.